Parece um contrassenso, mas existe muito complexo de culpa na sociedade contemporânea. Culpa e medo. Isso é contraditório porque vivemos numa sociedade que idolatra o prazer, o conforto e que acredita numa liberdade sem fronteiras, Numa liberdade sem moral. E por isso nos sentimos culpadas, muito culpadas quando queremos algo que segue na contramão do hedonismo, do “moderno” e também do politicamente correto.
É nesse contexto que encontramos a maternidade hoje. Pressionada entre o medo e a culpa. Medo de perder todas as comodidades e todas as glórias que, segundo nos contam, apenas poderão ter aquelas que abdicarem ou ao menos adiarem o quanto puderem essa “incômoda” aventura. Culpa por continuar desejando e querendo algo que acredita que pode lhe completar e dar sentido a vida. Culpa também por acreditar que se tiver um filho, ou mais um, vai tornar mais pobre o mundo em que eles viverão. Ou talvez porque teve um filho muito cedo e agora todos dizem que a esperança no futuro acabou, entre fraldas sujas e mamadeiras, entre papinhas e noites em claro... Estes são apenas exemplos, quantos mais poderiam aparecer em uma conversa de amigas, não é verdade?
Vamos, pois, refletir um pouco sobre isso. Sobre a complexidade das relações que são ignoradas nessas assertivas tão rasas sobre a maternidade e o processo das nossas escolhas que cercam esse momento. E vamos falar sobre as personagens das histórias do nosso cotidiano. Encaremos as questões que são levantadas, em geral, de forma inconsistente e acabaremos por descobrir que nos escondemos atrás do medo e da culpa, para nos eximirmos de decidir de modo maduro sobre questões tão sérias como a que trataremos nesse espaço.
Este é um convite a reflexão, a um exame sincero da maternidade e suas implicações no universo feminino e, por consequencia, na sociedade.